Não sei em quem votar

Ás vezes fico com a impressão de que sou a única pessoa que não percebe os debates políticos. Não sei quem está a "ganhar" ou a "perder". Se mentira se fala, não sei quem a diz. Não percebo os palavrões que se dizem. No final de um debate, continuo sem perceber em quem votar.

Um diz uma coisa, que me parece certa, e concordo com ele. De seguida vem o outro, lançado para opinar, e diz que não é bem assim, e eu também concordo. Sou um fácil. Ou então não. Talvez fique dividido porque eles omitem sempre qualquer coisa. Só partilham aquilo que interessa. E este ciclo repete-se de debate para debate, de ano para ano, de legislatura para legislatura. E, para falar verdade, não sou o único que não percebe o que se anda a passar. Infelizmente, isso acontece com muitos portugueses.


António Costa ou Pedro Passos Coelho, quem será o próximo primeiro-ministro de Portugal? Não sou de limitar a escolha política, mas admitamos, são estes os 2 principais candidatos. Foto retirada de www.rtp.pt.
E eles não percebem que resolver os problemas de um país é um assunto muito complexo? Não há uma única solução. E muitas vezes a solução óbvia vem a revelar-se errada. É tudo muito complexo. Mas os partidos não só acham que a sua solução é a certa, como a dos outros não tem ponta por onde agarrar. Se o outro, da oposição, faz de outra maneira, é burro. Ou pior, pensa-se que anda a lixar os portugueses de propósito. Posso não simpatizar com políticos, mas não acredito que o país esteja em crise porque o nosso primeiro ministro nos esteja a lixar.

Neste cenário, com as notícias deturpadas que ouvimos todos os dias na TV, com o passa a bola da culpa, com a discussão sobre o que os gajos "do mesmo partido que o senhor" fizeram há 10 anos atrás, perco todo o interesse na política. E é uma pena, porque eu gostava de participar. Mas não consigo. Não há como analisar os factos como eles são e votar conscientemente. 

Para muitos portugueses, eu inclusive, votar é um tiro no escuro. Vota-se porque se engraçou com alguém, não se vota em tal partido porque já se decidiu que não vai ganhar, e vota-se com pouca e errada informação.

Tenho pena, mas por isso desligo a televisão. Não vejo notícias, excepto muito raramente. Leio, muito, mas sobre ciência e tecnologia. Mas ainda assim sei, no geral, aquilo que se passa no meu país e lá fora. Aquilo que é importante chega-me aos ouvidos através de conversas com amigos. Sei dos grandes eventos, não sei das milhares de mortes que passam na TV. Sei do bom que acontece, mas não sei quem está à frente nas sondagens.

Talvez um dia seja diferente. Talvez a política fique mais transparente, clara, e por isso, interessante. Talvez aí consigamos analisar os programas políticos como eles são, compará-los, e depois votar segundo os nossos ideais. Até lá, faço um esforço para perceber tudo isto, e espero que todos juntos, mesmo com informação incompleta, consigamos votar na pessoa certa.

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