Uma semana (168 horas) sem internet

Domingo, dia 5 de Julho, às 00:00, desliguei a net. Durante uma semana não usaria Facebook, Youtube e Instagram. Não iria ver notícias ou jogar. Desinstalei todas as apps do iphone. Não iria utilizar a internet nem para ver a metereologia. Estaria completamente offline durante uma semana.

Às 00:00 esperei para ver o que acontecia. Nem 10 minutos haviam passado e já me pediam para não o fazer. Haviam coisas "importantes" a fazer online. Não desisti. Nunca seria uma boa altura para começar um novo desafio, portanto, não valia a pena adiar. Esta semana iria testar-me. Não se esperava grande sol nem boas condições para surfar. O que iria fazer com tanto tempo livre? Era esse o desafio.


Imagem retirada de http://www.funnyjunk.com/
Eu adoro a internet. É incrível a quantidade de coisas que se podem aprender sozinho. Passo grande parte do tempo online a ver conteúdo interessante. Subscrevo vários canais do Youtube sobre ciência, leio diversos blogs sobre psicologia e passo muito tempo no Google. Mas há um lado negro da internet - o que nos vicia em likes e comentários. Já não conseguimos tirar uma foto sem a colocar no Instagram. Não conseguimos estar à espera do autocarro sem sacar do telemóvel e navegar no 9gag. Não conseguimos estar à mesa, com amigos, sem ver os emails, o Facebook e aquele vídeo engraçado. São estes últimos momentos que eu quero minimizar.

Passados 7 dias, é difícil colocar por palavras aquilo que aconteceu esta semana. Vivi sobretudo no presente (exceptuando para onde os livros me levavam). Fiz grandes maratonas a ler, surfei, passei horas em esplanadas, vi filmes, meditei e aprendi a fazer novos acordes na guitarra. Entre almoços e jantares, estive com família e amigos. E, sem ter muito em que pensar, as tarefas de casa tornaram-se menos chatas.

É certo que de vez em quando ficava aborrecido. E aí pensava, "seria diferente se usasse a internet?". Provavelmente não. Começaria a navegar pelo Facebook ou pelo 9gag e, em menos de nada, ficaria frustrado pelo tempo gasto. Ao estar offline, aprendi a fazer "nada", a estar no momento e a relaxar.

Não usei a internet e o IMDb para escolher os filmes que via. Aliás, só tinha os filmes disponíveis na TV. Percebi que, frequentemente, muita escolha é mau. Com internet, podemos escolher o melhor filme que existe, mas a procura é cansativa - o filme nunca é bom o suficiente. 

Também procurei fazer atividades diferentes. Aproveitei para ver fotos antigas e recordações guardadas durante as minhas viagens. Experimentei fazer um puzzle e desisti 1 hora depois. 

Durante 168 horas foi um descanso não pensar em likes, visualizações e comentários.  Pensei sobre a vida e sobre o stress que evitei esta semana. Se me é possível usar essa palavra, estes 7 dias foram meditativos, pois abrandaram o meu turbilhão constante de pensamentos.

Aprendi que a internet não nos livra do aborrecimento. Se nada temos para fazer, é melhor ver um filme, ler um livro, relaxar, sair de casa ou então começar um novo projeto. É estúpido "navegar" na net. Em menos de nada desperdiçamos uma tarde. 


Confesso que nas últimas horas do desafio já estava em pulgas para voltar à internet. Queria ver as atualizações da página d'O Macaco de Imitação. Mas, apesar disso, sabia que a minha vida online iria mudar. Uma semana sem internet abriu-me os olhos para as vantagens de uma vida offline. 

Estou de volta ao mundo virtual. Reinstalei as apps no iphone mas desliguei as notificações. Não quero ser escravo da internet - vendo, em tempo real, o novo mail, a nova notícia e o novo vídeo. A internet tem muitos aspetos interessantes. Depois de 168 horas, já sei quais são e vou focar-me nesses.

Conhece a página do Facebook d'O Macaco de Imitação.

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